Um lobo muito faminto andava pela floresta à procura de alimento. Em
certa altura de sua fatigante caminhada, viu um mexe-que-mexe perto do
brejo e ficou paralisado com o rabo espichado, assistindo o que
acontecia.
— Ora, ora!!! Mas o que é isso? – pensou.
Três porquinhos, bem gordinhos e rosados, estavam construindo suas casas.
É
que a mãe deles, a Dona Porca, havia lhes dito que já estava na hora de
eles deixarem de morar com ela e seguir suas vidas independentemente.
Então dividiu sua herança entre os três e cada um utilizou o dinheiro
como bem desejou.
Torresmo, o porquinho mais velho, pensou em
construir uma casinha bem simples, de palha mesmo, pois dessa forma,
sobraria mais dinheiro para gastar nas lojas da cidade com roupas,
assessórios da moda e jogos de videogame.
Barriga, o irmão do
meio, fez quase a mesma coisa, mas em vez de querer muito dinheiro,
preferiu guardar um pouco menos e construiu uma casa de madeira, que é
mais resistente. Fazendo isso, teria um pouco de dinheiro para
frequentar as baladas da floresta e se divertir com os amigos.
O
mais sábio dos irmãos e mais novo membro da família, o Pururuca, nem
quis saber de esbanjar dinheiro com roupas e festas e resolveu construir
logo um casarão de tijolos e cimento, resistente à mais forte das
tempestades.
Ao ver aquela cena, o lobo, babando de tanta fome,
enxergou três presuntinhos suculentos trabalhando na construção de suas
casas. Abanou a cabeça para voltar à realidade e começou a tramar um
plano para encher sua pança que estava vazia há vários dias. Achou que
se desse o bote naquele momento, poderia afugentar os porquinhos e
continuar com fome. Resolveu, então, sair em busca de algo para forrar o
estômago até as casas ficarem prontas.
Alguns dias depois,
quando todo o trabalho dos porquinhos tinha acabado, o esfomeado lobo
começou a sondar as redondezas para atacar os três irmãos. Viu que tudo
estava muito quieto, pois já era noite, e se aproximou da casa de palha.
Encheu o peito e, com um poderoso sopro, mais potente que um
furacão, fez palha voar para todo lado, pondo abaixo a casinha do pobre
Torresmo. Quando a poeira e as palhas baixaram, não se viu nenhum
porquinho, pois o mais velho dos irmãos não estava em casa. Estava na
cidade fazendo compras com o dinheiro que havia economizado.
Desapontado
e muito nervoso, o lobo posicionou-se em frente à casa de madeira e
mais uma vez inflou os pulmões e, com toda a força de seu interior deu
um soprão e desmantelou toda a casa do Barriga. Farejando para ver se
encontrava o outro porquinho, deparou-se apenas com um amontoado de
madeira. Barriga estava curtindo a noite do pijama na casa do gambá, do
outro lado da floresta.
Não se contendo em fúria e fome, o bichão
estufou os peitos, quase a ponto de explodir, e soltou todo o ar na
direção da casa de tijolos, construída pelo Pururuca. Para a surpresa do
porquinho, que estava tranquilo lá dentro, a casa começou a ruir e
também logo veio ao chão. Os materiais de construção de hoje em dia já
não são mais tão resistentes e o porquinho quase virou presunto nas
garras do lobo.
Quase, pois, se não fossem as cabritas
fofoqueiras da floresta contarem para a Dona Porca que o velho lobo
estava rondando à procura de alimento, ela não teria chegado a tempo de
salvar o Pururuca das garras da fera. Deu uma bela surra no lobo e o fez
aprender a ficar longe de seus filhos.
Com isso, Dona Porca
acolheu os porquinhos de volta em sua casa e nunca mais quis se separar
deles, pois sabia que logo estaria velhinha e fragilizada e eles
poderiam defendê-la do velho lobo mal.
Escrito por Marcos R. Morelli
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