Quando pensamos em trânsito, imediatamente lembramo-nos
das cidades grandes, com seus arranha-céus, semáforos e muito estresse. Sim,
estresse; afinal, em horários de “pico”, é quase impossível não ficarmos mais
ansiosos e agitados. Muitas pesquisas mostram que esse estresse gerado no
trânsito tem prejudicado a nossa qualidade de vida, capacidade de julgamento e
causado irritabilidade. Contudo, a pergunta que devemos fazer é: será que o
problema está só na escassez de transportes públicos, no acúmulo de automóveis
ou na forma como nos relacionamos no trânsito?
Nós sabemos que o interesse em melhorar as políticas de
infraestrutura em nosso país é deficitário; no entanto, a cada ano, o número de
acidentes, seja nos centros urbanos ou nas estradas, tem aumentado
significativamente. E isso não se deve apenas à má vontade dos governantes em
melhorar a situação.
Quem tira carteira de habilitação (tornando-se apto a
dirigir) ouve de seu instrutor: “não existe acidente, mas imprudência”. E é
verdade! Quantos acidentes poderiam ser evitados se os sinais de trânsito, as
vias de mão dupla e única, o pedestre, o ciclista fossem respeitados?
Com a falta de sinalização, o motorista, o pedestre, o
ciclista não sabem para que lado o condutor de determinado veículo vai. São
tantos os fatores que geram estresse no trânsito, que, certamente, se você eu
sentássemos agora para um café teríamos muitas histórias para compartilhar. É,
portanto, um problema comportamental: há homens que insultam mulheres no
trânsito simplesmente por elas serem mulheres; há jovens que reclamam dos
idosos justamente por serem idosos; há quem não respeite o outro que tenha um
veículo mais simples ou mais antigo. “Manias” do trânsito que mais parecem
falta de educação.
Podemos refletir sobre diversas questões neste tema:
fatores emocionais e psicológicos, por exemplo, afetam em muito o condutor. Por
desatenção – porque está pensando na bronca que levou do patrão, por exemplo –,
o motorista pode passar o sinal vermelho e causar um acidente que mudará sua
vida (e a de outrem) para sempre. Alguns segundos de desatenção, e toda uma
história é modificada. O uso do celular ao longo do trajeto (tomara que você
não esteja lendo este texto em seu celular enquanto dirige!), a falta da
cadeirinha no carro ou seu uso incorreto, a não utilização do cinto de
segurança, do capacete ou de outros equipamentos de segurança são fatores que,
a depender das circunstâncias, podem se transformar em uma fatalidade.
É verdade que os governos podem continuar criando leis
e medidas ainda mais duras, mas se não mudarmos a direção das circunstâncias,
os reflexos de nossas más ações no trânsito prosseguirão matando inocentes.
Pela nossa má conduta, estamos no quinto lugar no ranking de países que mais matam no trânsito de todo o mundo.
Projetos como Maio Amarelo e Não Foi Acidente são importantes para a
conscientização dos riscos de que nossas más condutas podem acarretar, porém
não podemos parar apenas nessas reflexões pontuais, mas também agir. Será que
demoraremos tanto tempo para compreender que nossas ações irresponsáveis no
trânsito podem matar?
Escrito por Evelyn Mayer, Mestre em Estudos da Linguagem pela Universidade
Estadual de Londrina.
Em q pessoa do discurso foi empregado?
ResponderExcluirPrimera pessoa
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