Este caso do Lobisomem me foi contado por um morador do
interior do Estado de Pernambuco.
Minha avó morava num sítio. Ela contava que lá perto morava também um
casal que tinha acabado de ter um bebê. A mulher era muito boa, trabalhadeira,
e o marido dela, um caboclo magro e caladão.
Em uma noite de lua cheia, esse casal foi visitar uns parentes num outro
sítio. Quando eles voltavam da visita, seguindo por um carreador, o homem disse para a mulher:
–Vai indo com o nenê, que... que... mais na frente eu encontro vocês...
De
manhãzinha, quando a mulher acordou, ela ficou aliviada de ver seu marido
dormindo na cama. Mas quando olhou direito, viu que na boca dele tinha uns
fiapos da manta do bebê enroscados entre os dentes.
Foi assim
que ela descobriu que era casada com um Lobisomem. E toda noite de lua cheia, o
homem saía, ia até o matagal, rolava no chão que nem um bicho louco, virava Lobisomem
e ia procurar animais ou gente para chupar o sangue. Ele tinha de voltar a ser
homem antes de o galo cantar, senão ficava sendo Lobisomem para o resto da
vida.
Contado por Maurício Arruda Mendonça